sexta-feira, 8 de julho de 2011

A inspiração

“Nem Che, nem Marx, nem Anita…
Minha inspiração são os cobradores e motoristas de ônibus..
Toda a manhã, quando pego o ônibus, invariavelmente às 6:15 hs da manhã, recebo uma leve reverência do motorista e do cobrador do meu ônibus, Forquilhinhas, da Viação Estrela. Eles sabem que sou professora. Me chamam de senhora professora. Confesso que fico orgulhosa, me sinto especial, quem não gosta de carinho e respeito? Estes profissionais, não sei o real grau de instrução dos dois (mas observo que o rapaz na roleta está sempre lendo um livro), conquistaram minha admiração. Mal ameaçaram entrar em greve, foi uma calamidade. O corre-corre deu-se em todas as áreas: afetaria o emprego de muitos, os estudos, o lazer, um caos. Todos os dias perguntava ao Danilo, sim, o menino que lê, se entrariam mesmo em greve, coincidentemente (ou não) quase junto conosco. Ele respondia, muito educado, que ainda não sabia, estavam decidindo. Não vi motoristas batendo em panelas, não vi cobradores acampados em frente a Secretaria de Transportes , não soube de marcha de trabalhadores dos transportes pela capital. O que conseguiram, de concreto, eu não sei. Mas conseguiram, tanto que nem entraram em greve. Não houve novela, não houve juiz , não houve humilhação.
Pergunto: por que os professores têm tanta dificuldade em conseguir melhorias salariais (falo só nas salariais para não perder o foco)?
Algumas possibilidades:
1. O patrão é mais acessível?
2. Transporte é mais importante que Educação?
3. Não temos razão em nossas reivindicações?
4. Dá pra ficar 50 dias sem escola mas não dá pra ficar 1 dia sem transporte?
5. Apesar de formados e especializados, professores experientes são mais fáceis de substituir do que motoristas experientes?
6. Preciso perguntar mais???????
Meus respeitos aos nobres motoristas e cobradores de Florianópolis, aos metalúrgicos paulistas, àqueles que inspiraram os trabalhadores deste país e nos fazem crer que movimentos legítimos serão, invariavelmente, atendidos.
Tatiana Parraga da Silva.”

Fonte: Moacir Pereira.

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